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Outro dia, na rádio onde faço estágio, afixaram na parede da sala de produção um papel com uma matéria sobre uma velhinha escocesa, se não me engano, que tinha cento e cinco anos e se declarava virgem. Na matéria, a velhota dizia que o segredo da longevidade é a abstinência sexual. Pois é, alguém foi lá e escreveu, com canetinha, na folha,

 

E você? Prefere viver ou durar?

 

Temos aí a dupla face da mesma moeda. Primeiro, percebe-se nossa consciência de morte, e como essa certeza dita nossas atitudes. Faça valer a pena, carpe diem, vida louca, e o que mais vier; segundo, digo que, mesmo que essa certeza se mostre às vezes opressiva, ela se faz necessária. A morte inventou a natureza.

 

Nós somos o tempo todo estimulados a participar de uma espécie de corrida contra o tempo. Queremos, a cada dia a menos que temos, ser mais felizes. Ou seja, buscamos ser cada vez mais rápidos, e assim poder aproveitar mais. É como se, quando nascêssemos, começássemos a acelerar, acelerar e acelerar. Quanto mais rápido, mais prazer. E lá no final está a linha de chegada, um muro invisível, posto pela morte.

 

Não sei se a velocidade influi no tempo de chegada, mas, pelo menos de acordo com a carcomida lá de cima, sim. Eu até acho que o muro também corre. Na verdade, só corremos assim porque sabemos que lá na frente há um muro invisível, não importa quanto tempo vai demorar para irmos de encontro a ele. Ainda que desejemos a remoção desse muro, ele é o nosso maior estímulo. Aceitemos isso ou não.

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